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Integração entre turismo e negócios estabelece reflexão histórica com análise de ex-ministro em Lages

“Eu estive aqui há oito anos e Lages certamente é uma grande porta de entrada. O município tem aspectos muito especiais, tradições, atributos naturais como o frio – como transformar os recursos em produto turístico, além do turismo rural, ecoturismo, vinho, pinhão e culinária muito rica” – Luiz Barretto

O inverno começou nesta quinta-feira, 21 de junho, e é nesta temporada de baixíssimas temperaturas que os potenciais da região mais gelada do Brasil alavancam a economia pela exploração das belezas naturais, gastronomia e capacidade hoteleira. Bem nesta época está em andamento o Workshop Identidade Cultural – Serra Catarinense, entre quarta e quinta-feira (20 e 21 de junho), evento realizado no auditório do Centro Tecnológico da Universidade do Planalto Catarinense (Uniplac), mobilizando todos os municípios da Serra Catarinense, um marco da ação integrada das instituições em busca de uma identidade cultural que esteja alinhada. “O Workshop ainda nem terminou e nós já temos resultados e clarezas. A intenção é iniciar um processo integrado de identidade à disposição do turismo, em que os empresários e gestores consigam trabalhar numa identidade única e de fortalecimento, aquilo que nos representa – o que somos da Serra e o que a Serra é para nós”, analisa a turismóloga da Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Turismo e assessora de Turismo da Associação dos Municípios da Região Serrana (Amures), Ana Vieira.

Após os efeitos de discussão provocados pelo Workshop o objetivo passa a ser de trazer uma palestra sobre Destinos Turísticos Inteligentes, oportunizada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e, em seguida, uma rodada de negócios entre o agricultor produtor de queijo e panificados, por exemplo, e/ou o artista e o empreendedor turístico. A palestra mostrará como a estrutura do turismo se posiciona no mercado atual. Debater cultura, turismo, competitividade, sustentabilidade econômica é um dos objetivos fundamentais.

No segundo dia de evento, entidades apresentaram seus cases. O tradicionalismo foi representado pelo Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG/SC) e pelo Centro de Tradições Gaúchas (CTG) Planalto Lageano. O Projeto Samba Raiz também apresentou suas músicas. Ensina e forma crianças a partir da musicalização, especialmente ligada ao samba de raiz.

O coordenador de Difusão e Articulação Cultural da Fundação Cultural de Lages (FCL), Fabrício Furtado, representou a instituição e abordou o trabalho de grupos culturais que intensificam a identidade cultural lageana e serrana através das produções teatrais, musicais, dança e audiovisual, construindo em seus roteiros os costumes e histórias da região. “Uma prova disso foi a produção audiovisual em 2017. Cerca de 40 produções entre curtas metragens, documentários e um longa metragem foram produzidos e exibidos para a comunidade. A maioria com a temática regional”, pontua Fabrício.

À tarde foi apresentado o Festival de Inverno Serra Catarina, de 29 de junho a 31 de agosto, a ser lançado no próximo dia 29 às 19h, no Centro Cultural Vidal Ramos. O vice-prefeito de Lages, Juliano Polese, representou o prefeito Antonio Ceron e o presidente da Amures, Antônio Zilli, na abertura vespertina. “Acredito que temos muito a ampliar na questão do turismo. Que possamos ouvir ideias de inovação. Lages está preparada para as inovações, tanto que no Plano de Desenvolvimento Econômico Municipal (PDEM), dos cinco eixos, dois envolvem turismo e desenvolvimento inovador”, recorda Juliano. O diretor de Políticas Integradas do Lazer (PDIL), Jorge Dolzan, também esteve no evento.

Referência nacional

A estrela da tarde de quinta, ex-ministro do Turismo (2008 a 2010), Luiz Barretto, embasou sua explanação em estatísticas no âmbito do turismo. O especialista abordou pontos acerca da forma de potencialização de destinos turísticos da Serra, cooperação, governança territorial, relação entre os setores produtivo e público, meios de lidar com o turista conectado, bem como sua forma de pensar, hábitos e de comprar turismo. “E, ao mesmo tempo, como ajudar a Serra de Santa Catarina a ter uma identidade, buscar espaço no seu mercado e melhorar sua oferta. Eu estive aqui há oito anos e Lages certamente é uma grande porta de entrada. O município tem aspectos muito especiais, tradições, atributos naturais como o frio – como transformar os recursos em produto turístico, além do turismo rural, ecoturismo, vinho, pinhão, culinária muito rica, e estamos conversando com vocês para apreender um pouco o que a cidade está imaginando a se fazer. É muito bacana essa ideia de reunir e cooperar entre os municípios, sem pensar somente em uma cidade, mas nos adjacentes, recuperar uma região”, observa o ex-ministro, lembrando, ainda: “evidentemente que algumas dificuldades de fomentar o turismo são gerais em distintas partes do Brasil, como acessibilidade, infraestrutura, venda neste mercado competitivo sem fronteiras, melhoria da oferta hoteleira e da qualidade do serviço. Aqui na Serra há lições de casa a serem feitas, assim como em outras cidades. A ideia é a integração de toda a cadeia de segmentos, demonstrar que o turismo pode ocupar espaço no PIB econômico, não somente a indústria de alimentos, agricultura e papel e celulose. O turismo pode e deve ter um papel importante na geração de emprego e renda.”

O primeiro dia

Na programação de quarta, que contou com a presença do prefeito Antonio Ceron, entre os pontos altos estiveram a palestra sobre Identidade Cultural na Região Serrana, com o professor Geraldo Locks e participação do analista de cultura da Secretaria de Estado de Turismo, Cultura e Esporte (SOL) e o secretário do Conselho Estadual de Cultura, Rosivaldo Flausino. Paul Coudenys, belga, pioneiro em cavalgadas internacionais e co-fundador e presidente da Associação Latino-Americana de Turismo e Cultura Equestre (ALATCE). Cases de sucesso foram apresentados. “Lages é o maior município da Serra e novamente sedia um grande evento com movimentação de tantos profissionais interessados em tornar a região toda mais atrativa e acolhedora. A prefeitura tem uma Secretaria específica debruçada sobre as riquezas que podem ser mais bem exploradas. A Festa do Pinhão é um nítido exemplo de como o Estado e outras partes do Brasil gostam de estar aqui no outono e no inverno. O propósito é prolongar esta estadia”, opina o prefeito Ceron.

Ao público foi servido o café típico serrano, produzido pela associação Morenas do Divino, de Rio Rufino. Ainda, exposição de produtos típicos regionais com mel, artefatos em vime, vestimentas tradicionalistas, bem como artesanato de subprodutos da celulose.

Workshop acontece numa parceria da Secretaria de Estado de Turismo, Cultura e Esporte (SOL) e Amures, com apoio de várias entidades, como Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Consórcio Serra Catarinense (Cisama), Uniplac, Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), Movimento de Tradicionalista Gaúcho (MTG), Conselho de Turismo da Serra (Conserra), Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), Instituto Federal de Santa Catarina (Ifsc) e Parque Órion.

Os números movimento viagens e turismo no Brasil

– US$ 163 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB) do setor no Brasil em 2017

– 8% de participação do setor no PIB em 2017

– 6,5 milhões de empregos diretos e indiretos

– 7% de crescimento do setor ante 2016. No mundo foram 4%

– 93,5% de participação do turismo doméstico

– 6,5% de participação do turismo internacional

– US$ 1,93 bilhão de gastos de turistas estrangeiros no 1º trimestre. 2018: 4,7% maior que 2016

– 49% de crescimento dos pedidos de visto eletrônico: Estados Unidos, Canadá, Austrália e Japão  

Fotos: Marcelo Pakinha

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