Notícia no Ato

Turma do Rio de Janeiro encara queda brusca de temperatura e se anima para o Concurso de Bandas e Fanfarras Sul Brasileiro

É o maior concurso do segmento no Brasil

Encasacados, de gorro e luvas, o grupo de instrumentistas da Banda CVC viajou mais de 1.170 quilômetros para realizar o grande sonho de ser uma das estrelas do XI Concurso de Bandas e Fanfarras Sul Brasileiro (Confabansul), que acontece em Lages neste sábado e domingo (15 e 16 de setembro), no Ginásio Municipal de Esportes Jones Minosso, com entrada livre para quem deseja assistir às apresentações. George Martins de Almeida é maestro e coreógrafo da Banda CVC, cujo nome completo é corporação musical Vila de Cava, de Nova Iguaçu, região metropolitana do Rio de Janeiro. A turma veio de ônibus e chegou a Lages por volta de 19h desta sexta (14), com saída da cidade de origem às 23h40min de quinta-feira, dia 13, com apenas quatro paradas no caminho. “Nós trouxemos alimentação para a molecada e a viagem foi tranquila”, brinca o maestro. Em Nova Iguaçu a média é de 32 graus e ao descer em Lages as crianças e adolescentes levaram um susto: Tempo frio com 14 graus, uma diferença de 18.

Para o Confabansul se deslocaram 83 componentes, mas no total são 93 em Lages neste final de semana, aos quais estão incluídos direção e pais. A Banda possui perto de 100 integrantes na sua formação, com idade entre nove e 21 anos. “Nosso colégio é particular, no bairro Vila de Cava, mas a Banda é formada também por alunos de outras escolas, públicas, de outras comunidades e da cidade de Japeri, onde eu tenho um outro projeto e do qual eu trago pessoas mais experientes”, enfatiza George.

A vontade de fazer esta viagem a Lages é alimentada há sete meses, a convite da Associação de Bandas e Fanfarras do Estado de Santa Catarina (Abanfaesc) e da Associação Serrana de Bandas e Fanfarras (Asbafan) em contatos pelo WhatsApp. “Até agora a gente tinha participado de disputas só no Rio de Janeiro. Ganhamos na nossa estreia e depois seguramos segundo lugar em todos os outros campeonatos, inclusive no Campeonato Estadual do Rio de Janeiro em 2017. O mais recente campeonato disputado por nós foi em Resende, em julho. Era um regional.”

A primeira formação da banda da escola se tratava de uma fanfarra somente de percussão e existe desde 2013. George está no comando há dois anos, quando a agremiação deu os primeiros passos em competições, e não mais só participando puramente como apresentações. “Em 2017 colecionamos 22 troféus, entre banda, corpo coreográfico, baliza, geral e por aí vai.”

Sobre Lages, elogios múltiplos. “A organização do evento está show de bola. A Abanfaesc e a Asbafan estão super-receptivas. A chegada prévia aqui na cidade foi stratégica, para que os integrantes sentissem a diferença de temperatura e se habituassem. Ontem (sexta) ensaiamos das 20h30min até umas 11 e meia da noite”, comenta o maestro.

A Banda CVC participa em duas categorias: Percussão marcial e percussão com instrumentos melódicos. No repertório, obras como Saturno (Planeta dos Anéis), It’s my Life (Jon Bon Jovi) e Chorando se Foi (Kaoma). Um espetáculo de músicas orquestradas adaptadas e de cadência harmônica (ou progressão de acordes, que são sequências padrões de acordes conforme suas funções harmônicas que produzem efeitos peculiares, como pontuação musical e para finalizar uma frase ou seção de modo particular).

760 quilômetros

E não foram somente os cariocas que se desafiaram estrada afora para agraciar Lages com seus talentos. Direto de Alto Piquiri, Noroeste do Paraná, a 760 quilômetros de Lages, a Fanfarra Municipal, acompanhada do prefeito Luís Carlos Borges Cardoso, estacionou na cidade anfitriã às 11h deste sábado, saíram às 21h de sexta. Cerca de 110 ensaiam regularmente, e no Confabansul estão 70.

No quadro de participações em festivais estão o Interestadual em Rolândia e apresentação em Dourados (MT), “É uma das fanfarras mais premiadas do Estado do Paraná. Em torno de 80% dos componentes são provenientes de trabalhos sociais feitos no município. Nós reativamos a Banda há quatro anos, compramos equipamentos e trajes novos. É como uma fênix que ressurgiu das cinzas. Eu sempre participo das atividades deles. Temos de incentivar estes jovens. Muitos não tinham saído para tão longe. Com este trabalho retiramos eles das ruas, do perigo do tráfico de drogas, da violência, do uso excessivo do celular e do computador. Às vezes são carentes de carinho e com a Fanfarra eles encontram acolhimento”, percebe o prefeito. A primeira-dama de Alto Piquiri, Salete Aparecida Faedo Cardoso, e o coordenador do Centro de Referência de Assistência Social (Cras), Josimar Hilário, também prestigiam o evento. Este município conta com 10.200 habitantes. “Só tenho a agradecer pelo convite. Lages é muito acolhedora.”

Venha você e traga sua família

Com entrada franca para o público espectador, o Concurso teve sua abertura oficial na manhã deste sábado (15). Estiveram presentes o superintendente da Fundação Cultural de Lages (FCL), Gilberto Ronconi (Giba) e o secretário de Serviços Públicos e Meio Ambiente, Euclides Mecabô (Tchá Tchá). O Ginásio Jones Minosso tem capacidade para 4.500 pessoas acomodadas nas arquibancadas, portanto, o convite dos dois dias se estende a toda a população. “É uma honra para Lages receber um evento tão movimentado como este. Convidamos a comunidade para prestigiar neste sábado e domingo, gratuitamente. São todos bem-vindos”, salienta Giba. O presidente da Associação de Bandas e Fanfarras do Estado de Santa Catarina (Abanfaesc), Gilbero Orsi, acompanha os trabalhos de perto.

Em torno de quatro mil instrumentistas estão envolvidos artisticamente no evento. Ao todo são 61 corporações. Serão entregues 110 troféus e 90 medalhas, com R$ 8.400 de premiação em dinheiro. O Concurso segue neste domingo (16) pela manhã, transcorrendo durante o dia todo e oferecendo premiações. Serão 67 apresentações de instrumentistas de 50 municípios de seis Estados: Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. O Concurso será estrelado por 43 corpos coreográficos, além de contar com a participação de 19 jurados.

A estimativa é superior a quatro mil pessoas envolvidas. Em alojamentos estão 1.200 pessoas, sendo seis escolas com dez salas e banheiros com chuveiros, bem como pontos de apoio na Praça do Centro de Artes e Esportes Unificados (CEU) e Centro Serra Convention Center. A equipe técnica possui 50 pessoas à disposição do evento.

Integração e amizade

De Lages, participam as bandas e fanfarras da Escola Municipal de Educação Básica (Emeb) Santa Helena; Emeb Frei Nicodemos; Emeb Nossa Senhora da Penha; Escola de Educação Básica (E.E.B.) General José Pinto Sombra; E.E.B. Armando Ramos de Carvalho; Orquestra Soprano, do Centro de Atenção Integral à Criança (Caic) Nossa Senhora dos Prazeres; Emeb Maria Quitéria; E.E.B. Godolfin Nunes de Souza; Banda Musical Lúcia Fernandes Lopes; Caic Irmã Dulce (Fancid); Orquestra da Associação Lageana de Assistência aos Menores (Alam), e Fanfarra Águias da Serra. De outros da Serra, bandas e fanfarras de São José do Cerrito, São Joaquim, Painel e Otacílio Costa.

De mais longe, por exemplo, estão a Corporação Musical Odete Pena Muniz, de Nova Friburgo (RJ); Banda CVC, de Nova Iguaçu (RJ); Emol, de Leopoldina, Minas Gerais; Banda Spartan, de Três Lagoas, Mato Grosso do Sul, e Instituto Irmão Getúlio, de Vacaria, Rio Grande do Sul. O XI Confabansul está sendo organizado, dirigido e coordenado tecnicamente pela Abanfaesc e Asbafan, cuja presidência está sob comando do maestro Douglas Antonio da Silva. O evento tem apoio direto da prefeitura de Lages.

Os números foram atualizados e atraem ainda mais a atenção dos amantes das habilidades de bandas e fanfarras escolares e comunitárias. “Está lindo demais. E no domingo tem mais novidade por aí”, antecipa Douglas.

O que está em jogo

Serão dez categorias técnicas: Banda de percussão (bombos, surdos, caixas, pratos e demais acessórios); banda de percussão com liras (bombos, caixas, surdos, pratos e liras de até 29 teclas); banda de percussão marcial (bombos, caixas, surdos, pratos, tímpanos, campanas tubulares Glokenspiel, família dos vibrafones, família dos xilofones e liras); banda de percussão com instrumentos melódicos (bombos, caixas, surdos, pratos, tímpanos, campanas tubulares Glokenspiel, família dos vibrafones, família dos xilofones e liras, escaletas e flautas doces); fanfarra simples – instrumentos melódicos (trompetes naturais, agudos e graves – cornetas e cornetões, lisos de qualquer tonalidade ou formato, sendo pcional a utilização de recursos, como gatilho), instrumentos de percussão (bombos, surdos, caixas, pratos a dois), e instrumentos facultativos (tubas, bombardinos e acessórios de percutir, mais os instrumentos das categorias anteriores); fanfarra com um pisto; banda marcial; banda musical de marcha; banda musical de concerto, e banda musical sinfônica. Para ter detalhes sobre as categorias, os interessados devem consultar o regulamento junto à organização do evento. E pela faixa etária são as seguintes: Infantil (até 14 anos – nascidos a partir de 2004), juvenil (até 17 anos – nascidos a partir de 2001) e sênior.

Uma das exigências é a participação de agremiações de escolas públicas ou comunitárias. O tempo de cada apresentação será de 20 minutos a 25 minutos por banda, dependendo da categoria. O regulamento já está com cada um dos maestros. A ordem de apresentação será cumprida rigorosamente e a corporação que se apresentar fora dela perderá um ponto por jurado, envolvendo todos os aspectos do regulamento (musical, apresentação, corpo coreográfico, linha de frente, mór de comando e baliza, a linha de frente). As corporações musicais deverão portar, a sua frente, durante o desfile e a apresentação, o pavilhão nacional (obrigatório o uso apenas da bandeira nacional), faixa, estandarte ou distintivo de identificação. Estará facultativo o uso de corpo coreográfico, baliza e mór de comando, pois estes aspectos não irão influenciar na classificação de cada categoria técnica.

O que será julgado e pontuação

Todas as corporações serão avaliadas por uma comissão julgadora especializada, composta por pessoas de reconhecida capacidade no ramo, escolhida pela Abanfaesc e Asbafan. O cálculo de notas atribuídas pelos jurados aos participantes, na Planilha Geral, ficará a cargo dos membros da Mesa Apontador. Quesitos distintos serão julgados: Musical, apresentação (uniformidade, garbo, marcha, alinhamento e cobertura), técnica (afinação, ritmo, dinâmica, articulação e equilíbrio instrumental) e interpretação (fraseado, repertório e impressão gerada no palco).

Os grupos serão julgados em seu deslocamento. Os que optarem pela execução de coreografias com o corpo musical deverão fazê-las após o percurso estipulado para julgamento dos itens de apresentação. Na avaliação, no aspecto apresentação, serão atribuídas notas de zero a 10. Maestro ou maestrina deve estar destacado à frente da banda ou fanfarra.

Incentivo

Os primeiros, segundos e terceiros colocados por categoria técnica e faixa etária receberão troféu ou similar. Os primeiros lugares na geral infantil, geral juvenil e na geral sênior receberão R$ 500 e troféu. A premiação geral, incluindo todas as categorias técnicas e faixas etárias, com definição composta pela soma total de notas obtidas do corpo musical, corpo coreográfico, mór de comando e baliza feminina e /ou masculino, independentemente de categoria técnica ou faixa etária, se dará da seguinte forma:

1º lugar geral – R$ 2 mil e troféu

2º lugar geral – R$ 1 mil e troféu

3º lugar geral – R$ 500 e troféu

4º lugar geral – R$ 500 e troféu

5º lugar geral – R$ 500 e troféu

A premiação será entregue após o término das apresentações de cada faixa etária. Já a premiação geral ocorrerá no término do Concurso.

Achou essa matéria interessante? Compartilhe!

Deixe um comentário