Notícia no Ato

Orquestra Sinfônica é parte da evolução da vida de seus músicos

Projeto Lages Melhor

Núcleo do bairro Santa Catarina agrega projeto que ensina música e a boa convivência

Você consegue imaginar a relação entre uma baqueta de surdo e uma aula de instrumentos de sopro como trompetes e saxofones? Assim começam as aulas do Projeto Orquestra Sinfônica no núcleo do Lages Melhor no Centro de Atenção Integral à Criança (Caic) Nossa Senhora dos Prazeres, situado no bairro Santa Catarina.Regidos pelo instrutor André Wilson Silva Medeiros, 12 jovens músicos têm como tema de abertura do ensaio não somente exercícios de andamento ou repetições de frases musicais. A proposta do maestro André é que quem tem a baqueta na mão deve falar. A pergunta lançada pelo instrutor é como cada um pode melhorar a sua própria contribuição para que o desempenho do Projeto tenha ainda mais êxitos.

Quem começa a contar a sua ideia de participação na Orquestra é Jamile Campos, 14 anos, uma das primeiras participantes do Projeto. Ela toca o sax soprano, mas neste instante a baqueta é o que a habilita para se manifestar. Jamile acredita que a dedicação nos estudos em casa pode ser o caminho para que o desempenho dela possa também contagiar os colegas da Orquestra. Da mesma idade de Jamile, Luiz Felipe e João Paulo, que tocam trombone de pisto e saxofone tenor, dizem que o comportamento nos ensaios pode ser melhorado. “Mais do que já é”, comenta um deles. “Isso faz parte dos ensaios, a conversa com propostas e a participação de cada um dos músicos para sempre avançarmos como projeto e colegas de Orquestra. A gente ri algumas vezes, mas todos sabemos qual a melhor hora pra tudo, e todos nós conhecemos a importância de cada um nesse caminho,” acredita o maestro André.Quase ao centro da formação para o ensaio está a acadêmica de engenharia de produção Maria Eduarda, 18 anos. Maria começou sua vida na música participando do Projeto na Escola de Educação Básica (E.E.B.) Lúcia Fernandes Lopes. “Não queria ir pra lira na banda da escola, aí a flauta doce apareceu e logo o professor André me apresentou o sax tenor. Terminei o ensino médio, fui pra universidade, arrumei emprego e nunca deixar a Orquestra me passou pela cabeça,” conta sem esquecer da mãe que foi a grande incentivadora.
Maria Eduarda também lembra que nunca percebeu a dimensão do que a música tem de importante em sua vida. “Eu sei que meu desenvolvimento aqui permitiu muitas coisas boas na vida, entre elas a faculdade. Parte disso tudo eu captei com os ensinamentos do André.”

Para o maestro, pequenos exemplos têm muitos significados. Muitas histórias de pequenos músicos que passaram pela Orquestra Sinfônica são registradas em um mural na sala de ensaios. Entre as fotos está a do baterista Felipe Silva que atualmente está na banda do Exército. “Foi minha indicação para ele fazer parte da banda do Batalhão. Assim como o Felipe, a gente convive com os músicos e assiste a eles crescerem. A gente fala sobre empatia na Orquestra, e nesse entendimento o grupo cresce junto”, acredita.
André também explica a força da mulher no grupo. “Temos hoje nove meninas na Orquestra, é um dado muito importante, pois isso se estende socialmente na comunidade onde elas vivem. É um tipo de ocupação que traz melhorias em tudo na vida deles, a convivência com família e vizinhos, nos estudos e na vida profissional”, revela, orgulhoso, o maestro.

A baqueta de surdo volta para a mesa ao lado dos instrumentos de percussão. Todo mundo deixa de falar, prepara os instrumentos de sopro, abre partituras e a primeira execução é um trecho de “Primavera”, do italiano Vivaldi. Três repetições e a turma faz o fechamento com “Stand by Me” de Bem E. King, mas conhecida na versão dos Beatles.E a letra da canção vem bem a calhar com o que as pessoas podem ver e ouvir ao acompanhar a Orquestra Sinfônica e seus músicos: “Se o céu que vemos lá em cima, desabar e cair, ou as montanhas desmoronarem no mar, eu não chorarei, eu não chorarei, não, eu não derramarei uma lágrima, desde que você fique, fique comigo.”A Orquestra Soprano faz parte do Projeto Lages Melhor, que é uma execução da prefeitura de Lages através da Fundação Cultural e gerenciada pela Escola de Artes Elionir Camargo Martins. Conta com o apoio da Secretaria municipal de Educação, Instituto José Paschoal Baggio (IJPB) e Orion Parque Tecnológico.

Texto e fotos: Fabrício Furtado

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