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Dia do Estudante: Gabriel e sua incrível história de superação

Mesmo com graves limitações físicas, com dificuldades na coordenação motora, na fala e na visão, e dependente de uma cadeira de rodas, Gabriel encontrou no esporte uma motivação

No dia 11 de agosto é comemorado o Dia do Estudante. Nesta data é lembrada a importância dos estudos para todo o mundo. Mas se progredir nos estudos não é tarefa tão fácil para alunos saudáveis e com o corpo em plenas condições, imagina para aqueles que enfrentam dificuldades e limitações físicas diariamente para seguir em frente. Na turma de 9° ano da Escola Municipal de Educação Básica (Emeb) Nossa Senhora da Penha, no bairro São Miguel, estuda Gabriel Bortolozzo Branco, de 14 anos. Ele tornou-se exemplo de superação e orgulho para toda a comunidade escolar.

Um garoto dócil, um pouco introspectivo e timidez comedida, mas extremamente observador. Com notas exemplares em todas as disciplinas, e ao ser perguntado qual é a favorita, logo aponta a matemática como sua predileta.

Mesmo com graves limitações físicas, com dificuldades na coordenação motora, na fala e na visão, e dependente de uma cadeira de rodas, Gabriel encontrou no esporte uma motivação. Há dois anos e meio, incentivado pela mãe Simone Bortolozzo, começou a treinar jogo de bocha. Neste período já conquistou quatro medalhas importantes; é bicampeão nos Jogos Escolares Paradesportivos de Santa Catarina (Parajesc), com duas medalhas de ouro em 2018 e em 2019 e um bronze em 2017. Também conquistou medalha na Olimpíada das Apaes, realizada em Blumenau no ano passado.

Um diagnóstico e novo projeto de vida

Aos seis anos de idade Gabriel foi diagnosticado com uma doença rara chamada Ataxia-Telangiectasia, ou popularmente conhecida como atrofia cerebelar. De origem hereditária, estima-se que a incidência é de um caso em 20 mil a 100 mil nascimentos. A ataxia, ou a incoordenação motora frequentemente é o primeiro sintoma e se desenvolve quando as crianças começam a andar. A progressão dos sintomas neurológicos causa graves deficiências e incapacidade. A fala torna-se desarticulada e a fraqueza muscular normalmente progride para atrofia.

A mãe conta que começou a perceber que aos poucos Gabriel foi perdendo o equilíbrio, mas voltava ao normal, até que os sintomas foram progredindo e buscaram ajuda médica. “O primeiro diagnóstico seria de paralisia cerebral, mas não me conformava com isso, pois ele era muito esperto e inteligente, a parte cognitiva dele não afetou em nada. Foi então que procurei um médico neurologista de Curitiba que foi um anjo em nossas vidas, e por coincidência era especialista na Ataxia, então logo descobrimos o que ele tinha”, relata Simone.

Receber a notícia de que o filho não iria mais andar foi um choque para a mãe, que conta que até então Gabriel era um menino ativo, que andava de bicicleta e adorava correr e jogar futebol. Ele nasceu aparentemente saudável, no tempo adequado de gestação e também cumpriu todas as etapas de andar e falar no tempo normal de um bebê. Mas a doença só aparece no final da primeira infância. “No Brasil temos apenas cem casos. Após dois anos do diagnóstico ele parou de andar. No início ele precisava que eu segurasse mais firme na mão, depois passei a segurar embaixo dos dois braços, até que o desequilíbrio foi aumentando e ele não ficava mais em pé sozinho”, lembra.

Simone ficou sozinha para cuidar dele e de outros irmãos menores, um de três anos e outro bebê de onze meses. “Cheguei a ter depressão, pois não é fácil para uma mãe ver o filho em uma cadeira de rodas. Mas encarei como uma missão de vida e agradeço por tê-lo comigo, pois me ensina coisas boas todos os dias”, comenta emocionada.

Esporte devolve o brilho no olhar

Gabriel foi aluno da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) por um período, e há nove anos faz tratamentos como fisioterapia, fonoaudiólogo e terapia ocupacional. Na Emeb conta com professor auxiliar. “Depois que ele saiu da Apae e deixou de fazer a equoterapia e outra atividades físicas, percebemos que ele andava cabisbaixo e triste. Então o professor Fabrício Matos, que atua na instituição, indicou iniciar com o jogo de bocha. Com três meses de treino ele já foi bronze no Parajesc e depois conseguiu mais as duas medalhas de ouro. Ele treina três vezes por semana e no sábado começa às oito da manhã, realmente é uma alegria para ele”, conta a mãe.

Devido ao bom desempenho com a bocha, Gabriel continua treinando na quadra da Apae, onde recebe o apoio e materiais necessários. Ano passado foi selecionado para ir conhecer o Centro de Treinamento Paraolímpico Brasileiro, localizado no Parque Fontes do Ipiranga, Zona Sul de São Paulo. “Ficamos uma semana e este ano iremos novamente, em novembro. O nível lá é bem forte, não conseguimos medalha, mas só o fato de estar lá é muito bom para ele. Realizou o sonho de andar de avião e ficou muito feliz”, conta.

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