Notícia no Ato

Mais de 600 empresários, produtores e especialistas da cadeia de lácteos discutem mercado no VIII Congresso Brasileiro de Qualidade do Leite

“Em dez anos, Santa Catarina aumentou sua produção de leite em mais de 80%, são bilhões de litros. De 8º maior produtor de leite do país, Santa Catarina saltou para o 4º lugar. Uma capacidade produtiva espetacular (…)” – Antonio Ceron

A Serra Catarinense é reconhecida nacionalmente pelo sucesso dos procedimentos tecnológicos na produção e do poderio do queijo serrano, um dos principais derivados do leite e do agronegócio como um todo. Entre esta terça e sexta-feira (11 a 13 de setembro), Lages recebe empreendedores, produtores e entidades públicas e privadas do segmento laticínio ao longo do VIII Congresso Brasileiro de Qualidade do Leite (CBQL), no Centro Serra Convention Center, onde estão 626 congressistas. Serão 16 palestrantes nos três dias. Este é considerado o evento científico desta área mais relevante do Brasil.

Ao evento, promovido pelo Conselho Brasileiro de Qualidade do Leite (CBQL), com patrocinadores ouro, prata e bronze, estiveram submetidos mais de 300 trabalhos e resumos na área de qualidade do leite, com os resultados mais recentes de pesquisas conduzidas na área de qualidade do setor. Foram aprovados 134 trabalhos científicos, além de obras de relato (anais) publicadas.

A abertura oficial, na tarde desta quarta-feira (11), foi prestigiada pelo prefeito Antonio Ceron. “Em dez anos, Santa Catarina aumentou sua produção de leite em mais de 80%, são bilhões de litros. De 8º maior produtor de leite do país, Santa Catarina saltou para o 4º lugar. Uma capacidade produtiva espetacular. Lages tem resultados prósperos, com gado de qualidade em fazendas de pequeno e médio porte e com atividades regulamentadas e de acordo com as normas sanitárias vigentes. Um potencial exemplar. Eventos como este, de alcance amplo, provocam as discussões de como melhorar ainda mais os métodos e alavancar mercados ainda desconhecidos”, ressalta o prefeito, sublinhando a capacidade da pecuária leiteira regional. “Os produtores de leite têm a vantagem de lidar com um produto não sazonal, não depende de safra. Chega-se a produzir 30 litros por dia, um número responsável pelo êxito do abastecimento, e transparece a qualidade”, recorda. Ceron ocupou o cargo de secretário de Estado da Agricultura entre 2007 e 2010 e uma de suas principais conquistas históricas em sua gestão está o programa de melhorias de pastagens.

Na cerimônia de abertura foi comentado sobre os obstáculos a serem superados para que o Brasil, em especial Santa Catarina, possa exportar leite, a exemplo da China como destinatário. Alguns dos pontos a serem analisados são escala de produção, implantar áreas livres de brucelose e tuberculose bovina, organização logística e cumprimento de normativas, seguindo-se também os padrões internacionais de comércio. Não se pode esquecer que Santa Catarina é Estado livre da febre aftosa sem vacinação, comprovando sua sanidade no plantel. No ato foi reconhecida a exponencial produção da região Oeste de Santa Catarina, responsável por 75% do total do Estado.

Entre os assuntos do Congresso, do qual também participam médicos veterinários e outros profissionais técnicos da prefeitura de Lages, estão saúde da glândula mamária, qualidade do leite em condições de estresse térmico, na produção orgânica e em condições de confinamento, relação da qualidade do leite com o rendimento industrial e com a produção de produtos lácteos artesanais, controle de resíduos tóxicos no leite, além de uma visão sobre a qualidade do leite na era 4.0 e debates sobre o futuro dos programas de qualidade do leite em função das novas normativas brasileiras de qualidade do produto. Um dos propósitos do Congresso configura a ampliação da rede de cooperação.

Na quarta pela manhã foram desenvolvidos os minicursos intitulados “Programas de Autocontrole nas Indústrias de Laticínio – Plano de Qualificação de Fornecedores de Leite em Conformidade com as INS 76 e 77” e “Como Usar a Cultura na Fazenda no Controle da Mastite e Uso Racional de Antibióticos?”

Já as palestras desta quarta-feira foram: Influência do manejo no período de transição na imunidade e qualidade do leite, Manejo moderno da mastite clínica e resistência antimicrobiana em mastite: até que ponto precisamos realmente nos preocupar?

Roteiro contempla a era 4.0, inspeção e rendimento industrial

A agenda desta quinta-feira (12 de setembro) é formada por cinco palestras, com os seguintes títulos: impacto do estresse térmico sobre a qualidade do leite, sistema de produção em compost barn: desafios para produção de leite com qualidade e baixa ccs, patógenos envolvidos na etiologia da mastite: o que há de novo e o que precisamos fazer?, resíduos tóxicos no leite e a qualidade do leite na era 4.0, além da premiação dos três melhores trabalhos submetidos ao VIII CBQL, do painel estratégias para o sucesso na melhoria da qualidade do leite no Brasil e a assembléia geral ordinária do CBQLO evento tem espaço para perguntas, sessão de banners e visitação aos estandes.

Para o último dia de evento estão programadas as palestras denominadas produtos lácteos artesanais regionais: produção, qualidade e inspeção; qualidade do leite na produção orgânica; impacto da qualidade do leite no rendimento industrial, e gestão de dados de ccs.

Nas presenças estrangeiras, a palestrante doutora Lorraine Sordillo, MSc, Ph.D., professora de Ciências Clínicas de Grandes Animais na Michigan State University, sobre detalhes em relação à influência do manejo, e o professor Umberto Bernabucci, da Universidade de Tuscia-Viterbo, da Itália, com o tema concernente ao impacto do estresse térmico.

De acordo com o Conselho Brasileiro, através do presidente, professor André Thaler Neto, a qualidade do leite no Brasil passa por uma fase de grandes transformações, principalmente considerando a recente publicação de novas normativas para a área no país, implantadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). O Conselho Brasileiro de Qualidade do Leite (CBQL), que tem como missão promover a qualidade do leite e derivados, está contribuindo para este debate. “A ideia é integrar ciência, ensino e o setor produtivo”, resume Thaler Neto, que ainda ressaltou a força da Udesc em Lages, com quatro cursos de graduação (agronomia, medicina veterinária, engenharia florestal e engenharia ambiental e sanitária) e mais 11 programas de pós-graduação lato e o acervo de 1.200 teses e dissertações.

Participaram da solenidade da abertura oficial o secretário-adjunto da Secretaria de Estado da Agricultura e da Pesca, Ricardo Miotto Ternus e representantes da Faesc, SindiLeite e CAV/Udesc.

Texto: Daniele Mendes de Melo/Fotos: Toninho Vieira

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