Notícia no Ato

13ª Primavera de Museus: uma semana em que o Museu Histórico Thiago de Castro e o Memorial Nereu Ramos foram às escolas municipais

Promovida pelo Ibram (Instituto Brasileiro de Museus), a Primavera de Museus chegou à sua 13ª edição com o tema “Museus por dentro, por dentro dos museus”

A Primavera de Museus é um evento nacional que promove os espaços de memória de todo o país através de diversas atividades, sempre respeitando a característica de cada lugar e suas pessoas. Lages possui diversos locais de preservação e exaltação do passado. A prefeitura de Lages, através da Fundação Cultural de Lages (FCL) gerencia dois equipamentos culturais com essas finalidades, o Memorial Nereu Ramos e o Museu Histórico Thiago de Castro (MHTC).

Promovida pelo Ibram (Instituto Brasileiro de Museus), a Primavera de Museus chegou à sua 13ª edição com o tema “Museus por dentro, por dentro dos museus”, ficando a cada Museu os critérios de como realizar a interação com suas comunidades. As equipes do MHTC e do Memorial Nereu Ramos optaram por, além de receber as visitas tradicionais, levar para algumas escolas da rede municipal de ensino como é o trabalho realizado em Lages, e mais especificamente, contar um pouco da história de Lages através do teatro. Além das apresentações nas escolas Jardelina Furtado e Aristorides Machado de Melo, no bairro Penha, Manoel Thiago de Castro, no Santa Clara, Mutirão, no bairro Habitação, o grupo visitou a ALAM (Associação Lageana de Assistência ao Menor) e fez sua última apresentação no Auditório Mário Augusto de Sousa na FCL na quarta-feira (2 de outubro) para um público formado por crianças da Escola Criança Feliz, um grupo do CAPS 2 (Centro de Atendimento Psicossocial) e visitantes da comunidade.

Um grupo teatral nascido do acervo documental dos museus

Eles fazem parte do quadro de servidores municipais da Prefeitura de Lages, são pessoas que trabalham nos bastidores dos equipamentos culturais da FCL em diversas funções. Junto a eles, pesquisadores que também fazem uso do acervo documental da Biblioteca Pública Carlos Dorval de Macedo, Memorial Nereu Ramos e Museu Histórico Thiago de Castro, estão inseridos a diversas denominações que não, de forma precisa inclui “atores de teatro” como atribuição.

A ideia desse time surgiu no início do ano na elaboração de conteúdo para a Semana de Museus – que também é promovida pelo Ibram. A proposta era criar vida para personagens da história de Lages que estavam, até então, inanimados nos acervos bibliográficos e fotográficos dos museus da cidade. De forma simples, mas cheia de criatividade, a peça “Descobertas no Museu”, através de seus servidores e pesquisadores voluntários mostra para o público Antonio Correia Pinto de Macedo e o seu capataz, Baselissa Alves de Brito (a doadora de um dos sinos da catedral), Anita Garibaldi, e os escravizados e benzedores Tio Banga (Pai João) e Dona Euzébia, a mulher centenária que trazia a pé de São José do Cerrito para Lages, um cesto na cabeça cheio de frutas e verduras.

“A versão original tinha uma representação do Virgulino e o Boneco Juquinha, famosos nos tempos antigos da rádio clube, mas para essas apresentações da Primavera não podemos contar com nosso ator voluntário. Foi aí que a Anita Garibaldi entrou na peça”, conta Paulo Guasselli que é auxiliar administrativo do Museu e faz a vez de apresentador do “Descobertas”.

Marelise Colussi é servidora municipal e trabalha na Praça do CEU (Estação Cidania) no bairro Universitário. Ela, que fez o papel da dona Baselissa é categórica ao afirmar que interpretar uma rica senhora da alta sociedade lageana nunca passou pela sua cabeça. “O convite partiu dos meus colegas do museu. A Dona Baselissa, apesar das suas posses, foi uma pessoa importante na construção da história da cidade e no auxílio aos mais necessitados. Vendeu suas terras para comprar um dos sinos da catedral, ajudou na construção do Hospital Nossa Senhora dos Prazeres e na Igreja do Distrito de Índios. Enfim, não é só representar uma pessoa essa tão importante missão, mas a gente acaba aprendendo muito sobre as nossas origens”, diz.

O pesquisador Sérgio Lamartine é um dos voluntários dos museus, na peça, ele representou o escravizado Pai João, ou Tio Banga, como era mais conhecido. “A história dos escravizados em Lages vai muito além do que a gente imagina, é preciso ir ao museu para saber mais. Com o teatro, nós conseguimos despertar nas pessoas, principalmente nas crianças, como a vida do escravizado na nossa cidade foi tão importante na formação da identidade cultural da região”, diz.

Os bastidores para que a encenação e a Primavera de Museus chegassem ao público contam com mais pessoas. Dentro do MHTC, Letícia Costa, Dona Gorete, Daniela Berretta, Andreia Rodrigues e também os integrantes do teatro fizeram as decorações da sala de cinema e do hall do museu para receber os visitantes.

A próxima ação da equipe do MHTC é o planejamento para as comemorações de uma data muito especial. Em dois de dezembro de 2019, o idealizador do Museu Histórico Thiago de Castro, Danilo Thiago de Castro faria 100 anos. Para o superintendente da FCL, Giba Ronconi, a data vai ser mais um exemplo da importância da iniciativa do Senhor Danilo. “O objetivo dos museus são plurais e não há como não relacionar com as ideias de Danilo, mostrar ao povo os nossos capítulos através cartas, fotos, objetos e documentos. Por isso, devemos valorizar o seu trabalho tão bem continuado pelas nossas equipes”, acredita.

Texto: Fabrício Furtado e Rafael Rodrigues/Fotos: Fabrício Furtado

Achou essa matéria interessante? Compartilhe!

Deixe um comentário