Notícia no Ato

Projeto AliMÃEtação ensina a famílias o valor de uma mesa farta de alimentos saudáveis vindos direto da terra para a mesa

A manipulação de alimentos, riqueza de nutrientes, reaproveitamento de cascas e talos e aprendizagem de receitas são o enfoque deste Projeto

Mães e pais travam uma luta diária para tornar as refeições mais divertidas e interessantes aos filhos, quando crianças bem pequenas. Porém, acontece também o contrário. Pode ser uma tarefa desafiadora, como um motivo também de orgulho ver o pequenino receber, com alegria, o prato rico em nutrientes e vitaminas com os olhos cheios de vontade e água na boca. O alaranjado da cenoura, o verde da alface, do repolho, da couve e da abobrinha, o vermelho do tomate e do pimentão, a cor intensa da beterraba e a dobradinha do imbatível arroz com feijão. Verduras, hortaliças, legumes, sementes, grãos, cereais e frutas devem entrar como os protagonistas, e é difícil concorrer com as tentações industrializadas da vida moderna: lanches fritos, sorvetes, churros, salgadinhos de pacote, bolachas recheadas e refrigerantes.

Em diversas linhas de atuação, a prefeitura de Lages não esquece de contribuir para uma alimentação mais saudável na mesa dos lageanos. Então foi criado o Projeto AliMÃEtação, – Nutrindo com Conscientização, da Secretaria da Agricultura e Pesca, um nome diferente pela junção das palavras “alimentação” e “mãe” porque “em coração de mãe sempre cabe mais um”. Portanto, uma mobilização que une as famílias e os membros de uma comunidade através do plantio e da comida. Também em razão da “Mãe Natureza” e respeito ao meio ambiente, ecossistemas de fauna e flora, aliando ciência e compromisso social. O público-alvo do Projeto são famílias com alto índice de vulnerabilidade social e estudantes crianças e adolescentes para sensibilização nas escolas.

A manipulação de alimentos, riqueza de nutrientes, reaproveitamento de cascas e talos e aprendizagem de receitas são o enfoque deste Projeto. Há uma cartilha confeccionada especialmente para o Projeto, repleta de passo a passo para fazer opções saborosas, como compotas e conservas, assim como sabões e velas aromatizadas, artigos aprimorados e sob os preceitos da economia solidária, da diminuição do desperdício pelo reaproveitamento e com criatividade.

Existem músicas autorais em forma de receitas para tratar o assunto de maneira lúdica e mais atraente. A coordenadora do AliMÃEtação e uma das coordenadoras do Projeto Colheita Feliz, Evelin Souza, é a autora das receitas, e a cantora Ana Clara Mariano é compositora das letras adaptadas tendo como base o esquema de receita, e é autora das melodias das músicas. “Os alimentos devem ser usufruídos em sua totalidade com comprometimento ambiental. Devemos ensinar desde cedo às crianças para que disseminem estes conceitos”, justifica Evelin.

O Projeto já foi executado em Centros de Educação Infantil Municipal (Ceims), Escolas Municipais de Educação Básica (Emebs), Centros de Referência de Assistência Social (Cras’s) e na Associação Serrana dos Deficientes Físicos (Asdf), além de oferecidas palestras no Instituto Federal de Santa Catarina (Ifsc). Já foram abrangidas mais de 300 pela iniciativa. Recentemente o Projeto desenvolveu oficinas em abrigos institucionais e Ceims. “Consiste em uma ramificação do Colheita Feliz, um dos principais projetos da prefeitura. Mas precisamos que a comunidade se mantenha animada e todo ano faça a colheita, replantio e a manutenção permanente para que o alimento esteja garantido em praticamente todas as épocas do ano. A terra é rica, e dela podemos tirar o sustento de um jeito constante e responsável”, acredita o prefeito Antonio Ceron.

Luzinha amarela acesa de alerta para o alto consumo e à vida com qualidade

O Projeto proporciona resolver problemas concentrados na questão nutricional, mas especificamente relacionado à falta de informação por parte das pessoas, por diversos motivos. Parcela da população não está inteirada da importância dos alimentos; suas propriedades nutricionais, e formas de cultivo, de seleção e preparo, em que nada se perde, mas tudo se aproveita. Diante deste impasse aparecem problemas de saúde, como obesidade, desnutrição e manejo inadequado dos alimentos. “Assim, a comunidade recebe informações sobre a forma correta de manipular os alimentos, suas propriedades nutricionais e ainda aprende receitas que podem ser feitas com os alimentos plantados. Minha intenção foi chamar a comunidade, ou seja, unir todos para trabalharem em equipe”, argumenta Evelin Souza.

Para o restante de outubro estão programados quatro dias de atividades: 14 (Asdf, bairro Bates), 15 (Ceim Domingas Bianchini, bairro Sagrado Coração de Jesus), 17 (Ceim Tia Bira, bairro Centenário) e 18 (Ceim Sepé-Tiarajú, bairro Passo Fundo), com participação de aproximadamente 130 crianças. Na agenda, produção de máscara de frutas, pirâmide alimentar, dicas de higiene, dicas para cuidar da horta e doação de sementes para plantio, e feitura da seguinte receita: Bolo de beterraba (para 3 bolos) – 9 ovos, 6 xícaras de farinha de trigo, 3 copos de azeite, 3 xícaras de açúcar e 6 beterrabas. Haverá variações da quantidade conforme os locais onde será detalhado o roteiro (ingredientes para um, dois ou três bolos).

Um embrião nascido dentro de uma fábrica técnica e universitária

O AliMÃEtação foi aprovado pelo primeiro edital de protagonismo discente do Ifsc, cuja proposta foi observar a realidade local, identificar um problema e apresentar uma solução por meio dos conhecimentos adquiridos nesta instituição de ensino. O Projeto foi elaborado por Evelin Souza no ano passado, quando aluna do Ifsc no curso técnico de Agroecologia do campus Lages do Ifsc. Agora ela já está formada.

Surgida em agosto de 2018, a ideia foi implantar uma horta comunitária, difundir conhecimentos sobre nutrição, gerar renda para famílias em vulnerabilidade social e apresentar o Ifsc à comunidade. O Projeto foi validado no Centro de Referência de Assistência Social (Cras VIII), no bairro São Pedro.

Um braço do Colheita Feliz

O AliMÃEtação está vinculado ao Projeto Colheita Feliz, em execução em Lages desde 2017, pela Secretaria da Agricultura e Pesca, em que moradores de comunidades de Lages são convidados a cultivar hortas comunitárias montadas pela prefeitura em espaços públicos para suprir as necessidades dos próprios lares destas famílias e estimular a população para a manutenção das lavouras de forma coletiva e empática, com senso de solidariedade, autonomia e independência. “As famílias têm a gratificação de colher seu alimento sem nenhum agrotóxico, e o Projeto fomenta ainda mais a agricultura familiar”, observa a coordenadora do AliMÃEtação, Evelin Souza.

Nas hortas comunitárias são cultivados, em geral, alface lisa, crespa e americana; beterraba; couve; brócolis; cebolinha; salsinha; orégano; poejo; camomila; hortelã; lavanda, e cravina (repelente e atrai insetos polinizadores). Lages já possui 46 hortas comunitárias produzidas em diferentes regiões da cidade, como Santa Catarina, Habitação, Bela Vista, Popular, Universitário e Guarujá.

Texto: Daniele Mendes de Melo

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