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Outubro Rosa: os desafios de manter o autocuidado entre as mulheres durante a pandemia

O grande objetivo da campanha neste ano é fazer com que as mulheres voltem a realizar os exames rotineiros. Um estudo nacional indica que houve uma diminuição de até 75% das mamografias preventivas, refletindo em diagnósticos tardios

Todos os anos o mês de Outubro se veste de rosa para falar sobre um assunto de extrema importância para a saúde da mulher; a detecção precoce do câncer de mama. Afinal, quando diagnosticado precocemente, as chances de cura para este tipo de câncer são de 95%. Mas como fazer campanha em um ano atípico, em plena pandemia mundial, quando todas as atenções estão voltadas a outro problema gravíssimo de saúde, um vírus que ameaça a todos, sem distinção de gênero?

Este é um dos grandes desafios para os especialistas em saúde da mulher em todo o mundo. Em Lages não está sendo diferente. As tradicionais programações coletivas do Centro de Estudos e Assistência à Saúde da Mulher – Ceasm, localizado na rua James Robert Amos, atrás do Fórum Nereu Ramos, com encontros, palestras e coletas de exames preventivos precisaram ser suspensas.

De acordo com a enfermeira Bruna Correa Vaz, coordenadora do Ceasm, os atendimentos às pacientes que são encaminhadas através das Unidades de Saúde serão realizados normalmente, mas não haverá o Dia D, com procedimentos que acontecem todos os anos, justamente para evitar aglomerações. Será realizada uma videoconferência com médicos e enfermeiros desta área para troca de experiências, e orientações on-line às empresas que solicitarem este serviço, além dos atendimentos nas unidades, que devem continuar normalmente com os exames preventivos, conforme as orientações de segurança sanitária.

Nos próximos seis meses vai ser lançada a campanha Movimento Rosa, através da Sociedade Catarinense de Mastologista em parceria com o Ceasm e outras entidades, com orientações às pacientes para que retornem com seus exames de rotina e com os cuidados preventivos, além de exames gratuitos e consultas médicas com mastologistas filantrópicos em todo Estado.

Mulheres precisam voltar a se cuidar

O grande objetivo do Outubro Rosa neste ano é fazer com que as mulheres voltem a realizar os exames rotineiros, como a mamografia, mesmo durante a pandemia. “Um estudo nacional indica que houve uma diminuição de até 75% das mamografias preventivas. Também observamos que muitas pacientes estão fazendo o diagnóstico de câncer de mama em uma fase mais avançada, já refletindo essa demora na procura pelos exames e os demais cuidados”, informa o doutor Fernando Vequi Martins, mastologista do Ceasm.

Segundo o doutor Fernando, houve uma diminuição significativa dos encaminhamentos de pacientes ao Ceasm através das Unidades Básicas de Saúde, que são a porta de entrada das mulheres com queixas e sintomas. “Teve uma leve retomada em julho, mas ainda com grande defasagem com relação a outros períodos”, comenta.

A orientação do especialista é que as mulheres atualizem seus exames preventivos anualmente, pois os consultórios e clínicas de imagens estão atentos a todos os cuidados necessários devido ao novo Coronavírus, realizando os procedimentos com segurança às pacientes. “O câncer de mama não faz quarentena, ele não espera e vai evoluindo com o tempo. A qualquer sintoma ou sinal clínico procurar a sua Unidade de Saúde e, caso houver alguma alteração importante, será encaminhada ao Ceasm para avaliação do mastologista”, comenta.

Diagnóstico precoce é fundamental para a cura

O câncer de mama é responsável por um terço dos cânceres nas mulheres e para o ano de 2021 são esperados aproximadamente 70 mil casos novos. “Apesar de ser o mais comum, é também um dos mais fáceis para tratar, e quanto mais são incentivados os cuidados e consultas médicas, mais cânceres de mama serão detectados precocemente”, salienta Fernando.

Toda menina, a partir da primeira menstruação, deve ter suas mamas examinadas por um médico. A mamografia, se não houver fatores de risco que podem antecipar esta fase, deve ser realizada a partir dos 40 anos, todos os anos até o fim da vida. Não existe demanda reprimida para mamografias no Ceasm, sendo que as pacientes conseguem realizar seus exames em curto prazo, refletindo em um diagnóstico rápido e eficiente.

O autoexame não pode ser um método que substitui a consulta médica, precisando de orientações de um médico especialista. “Ele deve ser um método complementar. Muitas mulheres fazem o autoexame em casa, sem saber como fazer da melhor maneira, e acabam negligenciando alguma alteração por falta de discernimento. Mulheres que mantém em dia seus exames clínicos, podem até deixar de fazer o autoexame”, explica.

Já os exames de papanicolau para o diagnóstico de câncer de colo de útero devem ser feitos todos os anos a partir da primeira experiência sexual. A vacina contra o HPV também deve ser realizada nas meninas, conforme orientações da Unidade de Saúde. “Diferente do câncer de mama, o câncer do colo do útero pode ser diagnosticado ainda na fase pré-câncer, mas infelizmente no Brasil esta é uma realizada que precisa ser mudada, embora percebessem uma diminuição dos diagnósticos, o que reflete uma melhor assistência na saúde básica”, afirma o mastologista.

Texto: Aline Tives

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